REDELGBT-GO INFORMA:

20/12/2011

Nota oficial da REDELGBT-GO em repúdio à ação de gangue homofóbica em Goiânia


CIRCULAR N.º 01/11/REDELGBT-GO


NOTA OFICIAL DA REDELGBT-GO
Rede de Organizações LGBT do Interior do Estado de Goiás
                   
            A Rede de Organizações LGBT do Interior do Estado de Goiás (REDELGBT-GO), é uma organização não-governamental (ONG) fundada em 22 de novembro de 2011, na cidade de Anápolis (GO). A REDELGBT-GO tem o apoio da maior rede/organização LGBT da América Latina, a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), hoje, com 257 organizações-membro.

A nossa Rede de Organizações LGBT do Interior do Estado de Goiás (REDELGBT-GO) nasce já estando presente em 110 municípios goianos. A REDELGBT-GO já abrange 44,71% dos municípios do Estado de Goiás. E, para breve, pretendemos fazer com que a REDELGBT-GO abranja 100% dos 245 municípios goianos (exclui-se, aqui, Goiânia, por não ser cidade do interior).

         A Rede de Organizações LGBT do Interior do Estado de Goiás (REDELGBT-GO) vem a público repudiar mais uma barbárie de violência cometida contra cidadãos homossexuais em território goiano. Desta feita, o crime aconteceu em área nobre da cidade de Goiânia, nossa capital.

         Segundo informações divulgadas pela imprensa goianiense, na madrugada do domingo, 4 de dezembro, três jovens homossexuais foram violentamente agredidos a murros, chutes e pedradas, por uma gangue formada por oito rapazes. O crime ocorreu nas dependências de um posto de combustíveis localizado no cruzamento das avenidas 85 e T-63, no setor Bueno, área nobre de Goiânia.

Os três jovens gays retornavam de uma balada (festa noturna) quando, após fazerem uma rápida parada no posto de combustíveis, um deles resolveu ir embora a pé sendo, mais adiante, surpreendido por três jovens que chegaram xingando e o agredindo fisicamente. Ao retornar ao posto para pedir socorro aos outros dois amigos, os três gays foram surpreendidos pela gangue, agora “reforçada” com mais cinco integrantes, totalizando 8 rapazes.

Logo após o espancamento, os agressores deixaram o posto. As vítimas foram para o prédio onde moram. Tempos depois, segundo informaram à imprensa, os amigos gays perceberam que o grupo de agressores estava de tocaia em frente à residência. Um dos agressores mora no mesmo prédio das vítimas.

Ao tomar conhecimento deste lamentável episódio, a REDELGBT-GO vem a público ressaltar que Goiás é um dos Estados mais homofóbicos do Brasil. A REDELGBT-GO ressalta, também, que apesar de Goiás ter um Conselho Estadual LGBT, exemplarmente conduzido pela grande liderança competente e batalhadora Beth Fernandes, e demais membros, nossa Unidade Federativa lamentavelmente ainda não dispõe de eficientes políticas públicas, principalmente na área da segurança pública, que protejam, resguardem e garantam a integridade da cidadania plena e os direitos humanos às pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) residentes em todo o território goiano.

De acordo com o mais recente censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IGBE), o Estado de Goiás tem uma população de 6.080.588 habitantes. Assim sendo, estima-se que entre 608.059 e 972.894 habitantes sejam LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). Quase um milhão de cidadãs e cidadãos homossexuais vivendo em Goiás, lamentavelmente, não têm, na prática do dia-a-dia, seus direitos civis, sua dignidade, sua cidadania plena, seus direitos humanos garantidos, protegidos, resguardados pelos poderes políticos nas esferas municipais, estadual e federal.

Infelizmente, até o momento, a Assembleia Legislativa de Goiás e o governo estadual não acordaram para a urgente necessidade de adotar como prioridade máxima o “criar” e o “fazer cumprir” uma lei específica que criminalize a homo-lesbo-bi-transfobia (homofobia) em território goiano.

A REDELGBT-GO quer acreditar que, ao contrário do que vem ocorrendo na esfera federal, no governo federal e no Congresso Nacional do Brasil, as autoridades político-públicas de nosso Estado de Goiás NÃO estejam se curvando às pressões nefastas, imorais e altamente nocivas de fundamentalistas religiosos que, por exemplo, em nível federal, têm contribuído para a crescente “onda” de violência homofóbica que, além de agredir verbal e fisicamente, tem brutal e covardemente assassinado centenas de adolescentes, jovens e adultos nos últimos anos.

Em 2010, o Grupo Gay da Bahia (GGB) registrou 260 homicídios homofóbicos ocorridos no Brasil. Este ano, o GGB acaba de divulgar uma parcial dos assassinatos por homofobia onde, somente de janeiro a novembro deste ano, 235 homossexuais foram assassinados em território brasileiro com os mais absurdos e inimagináveis requintes de crueldade.

Além disso,a REDELGBT-GO aproveita o momento para ressaltar publicamente o alto índice de evasão escolar nas escolas goianas, em razão da homofobia. Em nível nacional, recentes pesquisas revelaram que há uma quantidade significativa de crianças e jovens estudantes LGBT que são achincalhados diariamente por seus colegas com palavras preconceituosas e que incentivam à exclusão social, e quando esses fatos são relatados aos educadores responsáveis, a reação quase sempre é “ah, foi uma brincadeirinha de criança/adolescente.”

Lamentavelmente, “brincadeirinhas” dessa natureza são suficientemente dolorosas para que um grande número de crianças e jovens LGBT decidam abandonar os estudos pelo simples fato de não “aguentar” a situação e dar a volta por cima com a cabeça erguida e o orgulho de ser quem é.

Ao mesmo tempo que manifesta publicamente sua indignação, a REDELGBT-GO vem a público cobrar das autoridades da área de segurança pública e do Poder Judiciário em Goiás, mais especificamente de Goiânia, que ajam com os rigores da Lei, sem protecionismos e/ou privilégios de quaisquer natureza, e responsabilizem, penal e civilmente, todos os oito integrantes da gangue homofóbica, aplicando-lhes eficientes medidas socioeducativas para, talvez, “corrigí-los” em suas manifestações de ignorância e de intolerância, tornando-os cidadãos melhores, mais sociáveis e tolerantes, se possível.

Em não sendo possível, que façam-lhes pagar pelos atos bestiais que cometeram para que tal barbárie não se repita no futuro e nem sirva de exemplo para que, incentivados pela “impunidade” outros grupos de pessoas possam também praticar a homofobia na certeza de que ficarão impunes. Chega! Basta! Isso tem que acabar em nossa sociedade!

A REDELGBT-GO acredita na eficiência, na lisura, na coerência, na seriedade, na competência e na humanidade dos órgãos da segurança pública, também do Poder Judiciário e do comando político-administrativo do Estado de Goiás, os Poderes Executivo e Legislativo. E nesse sentido, estamos à disposição para somar forças, naquilo que nos for possível, para colaborarmos com toda e qualquer ação que objetive erradicar preconceitos sociais, mormente a homofobia, na sociedade goiana e brasileira.


Estado de Goiás, 20 de dezembro de 2011.






Bel. Terry Marcos Dourado
Presidente da REDELGBT-GO
Rede de Organizações LGBT do Interior do Estado de Goiás
Fundador e presidente da ACDHRio
Associação por Cidadania e Direitos Humanos LGBT de Rio Verde/GO e Região



Cícero Diniz Vasconcelos
Vice-presidente da REDELGBT-GO
Presidente da AGTLA
Associação de Gays, Transgêneros e Lésbicas de Anápolis/GO e Região

Arnaldo Barbosa de Oliveira
Secretário-Geral da REDELGBT-GO
Diretor da AGTLA
Associação de Gays, Transgêneros e Lésbicas de Anápolis/GO e Região

Weder César Cândido
Secretário de Finanças da REDELGBT-GO
Fundador e presidente da MCDH-CAT
Movimento por Cidadania e Direitos Humanos LGBT de Catalão/GO e Região

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