CIRCULAR N.º 01/11/REDELGBT-GO
NOTA OFICIAL DA REDELGBT-GO
Rede de Organizações LGBT do Interior do Estado de Goiás
A Rede de Organizações LGBT do Interior do
Estado de Goiás (REDELGBT-GO), é uma organização não-governamental (ONG)
fundada em 22 de novembro de 2011, na cidade de Anápolis (GO). A REDELGBT-GO tem o apoio da maior
rede/organização LGBT da América Latina, a Associação Brasileira de Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), hoje, com 257 organizações-membro.
A
nossa Rede de Organizações LGBT do Interior do Estado de Goiás (REDELGBT-GO) nasce
já estando presente em 110 municípios goianos. A REDELGBT-GO já abrange 44,71% dos
municípios do Estado de Goiás.
E, para breve, pretendemos fazer com que a REDELGBT-GO
abranja 100% dos 245 municípios goianos (exclui-se,
aqui, Goiânia, por não ser cidade do interior).
A Rede de Organizações LGBT do Interior do
Estado de Goiás (REDELGBT-GO) vem a público repudiar mais uma barbárie de
violência cometida contra cidadãos homossexuais em território goiano. Desta
feita, o crime aconteceu em área nobre da cidade de Goiânia, nossa capital.
Segundo
informações divulgadas pela imprensa goianiense, na madrugada do domingo, 4 de
dezembro, três jovens homossexuais foram violentamente agredidos a murros,
chutes e pedradas, por uma gangue formada por oito rapazes. O crime ocorreu nas
dependências de um posto de combustíveis localizado no cruzamento das avenidas 85
e T-63, no setor Bueno, área nobre de Goiânia.
Os três jovens gays retornavam de uma
balada (festa noturna) quando, após fazerem uma rápida parada no posto de
combustíveis, um deles resolveu ir embora a pé sendo, mais adiante, surpreendido
por três jovens que chegaram xingando e o agredindo fisicamente. Ao retornar ao
posto para pedir socorro aos outros dois amigos, os três gays foram
surpreendidos pela gangue, agora “reforçada” com mais cinco integrantes,
totalizando 8 rapazes.
Logo após o espancamento, os agressores deixaram
o posto. As vítimas foram para o prédio onde moram. Tempos depois, segundo
informaram à imprensa, os amigos gays perceberam que o grupo de agressores estava
de tocaia em frente à residência. Um dos agressores mora no mesmo prédio das
vítimas.
Ao tomar conhecimento deste lamentável
episódio, a REDELGBT-GO vem a
público ressaltar que Goiás é um dos Estados mais homofóbicos do Brasil. A REDELGBT-GO ressalta, também, que
apesar de Goiás ter um Conselho Estadual LGBT, exemplarmente conduzido pela grande
liderança competente e batalhadora Beth Fernandes, e demais membros, nossa Unidade
Federativa lamentavelmente ainda não dispõe de eficientes políticas públicas,
principalmente na área da segurança pública, que protejam, resguardem e
garantam a integridade da cidadania plena e os direitos humanos às pessoas
lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) residentes em todo o
território goiano.
De acordo com o mais recente censo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IGBE), o Estado de Goiás tem
uma população de 6.080.588 habitantes. Assim sendo, estima-se que entre 608.059 e 972.894 habitantes sejam LGBT (lésbicas,
gays, bissexuais, travestis e transexuais). Quase um milhão de cidadãs e cidadãos
homossexuais vivendo em Goiás, lamentavelmente, não têm, na prática do
dia-a-dia, seus direitos civis, sua dignidade, sua cidadania plena, seus
direitos humanos garantidos, protegidos, resguardados pelos poderes políticos
nas esferas municipais, estadual e federal.
Infelizmente, até o momento, a Assembleia
Legislativa de Goiás e o governo estadual não acordaram para a urgente necessidade
de adotar como prioridade máxima o “criar” e o “fazer cumprir” uma lei
específica que criminalize a homo-lesbo-bi-transfobia (homofobia) em território
goiano.
A REDELGBT-GO
quer acreditar que, ao contrário do que vem ocorrendo na esfera federal, no
governo federal e no Congresso Nacional do Brasil, as autoridades
político-públicas de nosso Estado de Goiás NÃO
estejam se curvando às pressões nefastas, imorais e altamente nocivas de fundamentalistas
religiosos que, por exemplo, em nível federal, têm contribuído para a crescente
“onda” de violência homofóbica que, além de agredir verbal e fisicamente, tem
brutal e covardemente assassinado centenas de adolescentes, jovens e adultos
nos últimos anos.
Em 2010, o Grupo Gay da Bahia (GGB) registrou 260 homicídios homofóbicos ocorridos
no Brasil. Este ano, o GGB acaba de
divulgar uma parcial dos assassinatos por homofobia onde, somente de janeiro a novembro deste ano, 235 homossexuais foram
assassinados em território brasileiro com os mais absurdos e inimagináveis
requintes de crueldade.
Além disso,a REDELGBT-GO aproveita o momento para ressaltar publicamente o alto
índice de evasão escolar nas escolas goianas, em razão da homofobia. Em nível
nacional, recentes pesquisas revelaram que há uma quantidade significativa de
crianças e jovens estudantes LGBT que são achincalhados diariamente por seus
colegas com palavras preconceituosas e que incentivam à exclusão social, e
quando esses fatos são relatados aos educadores responsáveis, a reação quase
sempre é “ah, foi uma brincadeirinha de criança/adolescente.”
Lamentavelmente, “brincadeirinhas” dessa
natureza são suficientemente dolorosas para que um grande número de crianças e
jovens LGBT decidam abandonar os estudos pelo simples fato de não “aguentar” a
situação e dar a volta por cima com a cabeça erguida e o orgulho de ser quem é.
Ao mesmo tempo que manifesta publicamente
sua indignação, a REDELGBT-GO vem a
público cobrar das autoridades da área de segurança pública e do Poder
Judiciário em Goiás, mais especificamente de Goiânia, que ajam com os rigores
da Lei, sem protecionismos e/ou privilégios de quaisquer natureza, e responsabilizem,
penal e civilmente, todos os oito integrantes da gangue homofóbica,
aplicando-lhes eficientes medidas socioeducativas para, talvez, “corrigí-los” em
suas manifestações de ignorância e de intolerância, tornando-os cidadãos
melhores, mais sociáveis e tolerantes, se possível.
Em não sendo possível, que façam-lhes pagar
pelos atos bestiais que cometeram para que tal barbárie não se repita no futuro
e nem sirva de exemplo para que, incentivados pela “impunidade” outros grupos
de pessoas possam também praticar a homofobia na certeza de que ficarão impunes.
Chega! Basta! Isso tem que acabar em nossa sociedade!
A REDELGBT-GO
acredita na eficiência, na lisura, na coerência, na seriedade, na competência e
na humanidade dos órgãos da segurança pública, também do Poder Judiciário e do
comando político-administrativo do Estado de Goiás, os Poderes Executivo e Legislativo.
E nesse sentido, estamos à disposição para somar forças, naquilo que nos for
possível, para colaborarmos com toda e qualquer ação que objetive erradicar
preconceitos sociais, mormente a homofobia, na sociedade goiana e brasileira.
Estado de Goiás, 20
de dezembro de 2011.
Bel. Terry Marcos Dourado
Presidente da REDELGBT-GO
Rede de Organizações LGBT do Interior do Estado de
Goiás
Fundador
e presidente da ACDHRio
Associação
por Cidadania e Direitos Humanos LGBT de Rio Verde/GO e Região
Cícero Diniz Vasconcelos
Vice-presidente da REDELGBT-GO
Presidente
da AGTLA
Associação
de Gays, Transgêneros e Lésbicas de Anápolis/GO e Região
Arnaldo Barbosa de Oliveira
Secretário-Geral da REDELGBT-GO
Diretor
da AGTLA
Associação
de Gays, Transgêneros e Lésbicas de Anápolis/GO e Região
Weder César Cândido
Secretário de Finanças da REDELGBT-GO
Fundador
e presidente da MCDH-CAT
Movimento
por Cidadania e Direitos Humanos LGBT de Catalão/GO e Região
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